domingo, 1 de maio de 2011

Pesquisa estuda tecnologia que irá aumentar velocidade da internet

Os trabalhos do curso de Engenharia de Redes de Computação serão apresentados na conferência Computer on the Beach

Henrique Bolgue - Da Secretaria de Comunicação da UnB

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A crescente venda de celulares e computadores portáteis trouxe um novo desafio para a comunicação sem fio: teremos espaço para transmitir tanta informação no futuro? O espaço nas ondas eletromagnéticas que levam imagens, vídeos, tweets e emails é limitado e, nos Estados Unidos, já está perto do limite. Dois projetos desenvolvidos por alunos da Universidade de Brasília mostram, no entanto, que se as ondas eletromagnéticas ociosas também forem utilizadas, a velocidade da internet pode dobrar para casa usuário brasileiro.

Os estudantes pesquisaram redes cognitivas em computação, um novo paradigma para a transmissão de dados na internet. Redes cognitivas são aquelas que utilizam espaços de várias redes simultaneamente, distribuindo o tráfego de informações de maneira mais eficiente. As duas monografias de conclusão do curso de Engenharia de Redes de Computação foram selecionadas para a conferência Computer on the Beach, em Florianópolis. A UnB emplacou dois trabalhos de um total de seis monografias de graduação que serão apresentadas neste fim de semana.

Larissa Eglem de Oliveira e Priscilla Rodrigues estudaram um novo protocolo para redes sem fio cognitivas, com fórmulas matemáticas que calculam quando e quanto outras redes podem ser aproveitadas. Se for o modelo for implementado, ao acessar a internet o computador já procuraria as redes ociosas e faria a conexão automaticamente. Esse espaço ocioso se somaria àquele que o usuário já possui. “Esta é uma maneira de aproveitar melhor os espaços ociosos e aumentar a velocidade”, explica Priscilla.

O trabalho de Pedro de Mesquita e Amanda da Silva testa o protocolo criado por Larissa e Priscilla em uma rede simulada. Descobriram que a velocidade de tráfego chega a aumentar de 70% a 100%. Além disso, demonstraram que não é necessária muita procura para que isso aconteça. “O aparelho e o protocolo leva um tempo para procurar e estudar esses espaços ociosos e descobrimos que poucas vias são necessárias para aumentar a velocidade”, explica Pedro.

A utilização dessas redes, no entanto, esbarram em barreiras tecnológicas e legais. Segundo os estudantes, a rede coginitiva não significa um “roubo” destes espaços ociosos. “Não é uma rádio pirata”, explica Larissa. As vias que são usadas por cada computador no acesso à internet são restritas. Como grande parte desses espaços são concessões do governo – como para um canal de televisão – há uma intensa disputa na área de telecomunicações pelo uso do espectro. Ou seja, a lei impede que um usuário trafegue na faixa de outro.

SOBRECARGA - Segundo Larissa, atualmente há uma sobrecarga da largura de banda. “Chegará uma hora que não haverá mais espaço para internet sem fio”. Em uma entrevista recente à revista Bussiness Week, Julius Genachowski, presidente da Comissão Federal de Comunicação dos EUA (FCC), declarou que a crescente venda de aparelhos como o iPhone poderão tornar a internet incapaz de suprir as necessidades das operadoras no futuro.

De acordo com o professor Marcelo, a ideia de utilizar redes cognitivas surgiu há bastante tempo, mas só em 2005 se tornou uma corrida tecnológica. Empresas como Microsoft e Google já têm modelos para usos futuros. “Os EUA liberaram o uso do espectro UHF da televisão analógica, que não é mais usado por lá”, diz Marcelo. Ainda não há previsão para o uso no Brasil. “Ainda estamos tentando levar a internet rápida para todos, portanto há um longo caminho pela frente”, afirma Larissa.

Esta é a segunda edição do Computer on the Beach, que acontece até domingo, no Hotel Porto Ingleses, na Praia dos Ingleses. Reúne pesquisadores e profissionais para discutir as tendências do setor de computação e mistura atividades técnico-científicas com lazer.

Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.

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